O cenário de expansão do cultivo da videira no Brasil, com especial destaque para o estado de Santa Catarina, tem impulsionado a produção de uvas, sobretudo destinadas à elaboração de vinhos finos. A escolha da variedade Cabernet Sauvignon para essa região estratégica foi fundamentada em suas características, como a brotação tardia, que confere certa resistência aos invernos rigorosos e às geadas tardias comuns em São Joaquim. Contudo, a extensão do período entre brotação e colheita dessa variedade traz consigo um desafio: a maturação que geralmente ocorre após a segunda quinzena de abril, período marcado por chuvas intensas e temperaturas frias na região, muitas vezes prejudicando a completa maturação das uvas. O manejo cuidadoso dos vinhedos é crucial para preservar a qualidade fenólica dos vinhos tintos finos. Nesse contexto, a regulação do acúmulo de antocianinas, substâncias determinantes para a cor e qualidade organoléptica dos vinhos tintos, destaca-se como um ponto-chave. O ácidos abscísico (S-ABA) e o etileno desempenham papéis significativos nesse processo, e a aplicação exógena desses reguladores vegetais tem sido reconhecida por aumentar as concentrações de antocianinas e compostos fenólicos tanto nas uvas quanto nos vinhos. Adicionalmente, a pesquisa explora o potencial dos bioestimulantes, derivados de extrato de algas, como uma alternativa para o manejo da videira. O objetivo desse trabalho foi verificar a influência da aplicação de fitohormônios e bioestimulantes como meio de antecipação, aumento de produtividade e melhora na maturação tecnológica e fenólica da uva e na qualidade do vinho Cabernet Sauvignon. O estudo, conduzido ao longo do ciclo 2022/23, em um vinhedo de ‘Cabernet Sauvignon’, enxertadas sobre 'Paulsen 1103, conduzidas em espaldeira em São Joaquim/SC. Os tratamentos constituíram-se na aplicação de Ascophyllum nodosum, Etileno + Ácido abscísico, Etileno, além do tratamento controle com as práticas convencionais do produtor, compondo um delineamento em blocos casualizados com quatro repetições. Realizaram-se cinco aplicações para Ascophyllum nodosum, ocorrendo do início da brotação até ao inicio da mudança de cor. Para o Etileno e ABA, realizou-se uma única aplicação quando os cachos apresentavam 75% das bagas em mudança de cor. As avaliações incluíram parâmetros físicos-químicos como massa dos cachos, sanidade dos frutos, teor de ácido tartárico, açúcares redutores, álcool potencial, concentração de antocianinas, análise de cor, ácido málico e extrato seco. Destaca-se que os tratamentos com aplicações conjuntas de Etileno + S-ABA, assim como somente o Etileno resultaram em aumentos significativos no teor de antocianinas, intensidade de cor, extrato seco e redução de ácido málico no vinho. Além disso, o tratamento com Ascophyllum nodosum proporcionou efeitos positivos na qualidade vitienológica promovendo aumento na massa dos cachos e redução na porcentagem de bagas podres nos frutos, resultante do aumento na estratificação das células da hipoderme e epiderme das bagas.